Tem sido muito divulgado o quanto a primeira infância (que vai do nascimento até mais ou menos os 6 anos de idade), é importante para o desenvolvimento humano, isso porque, nessa fase da vida se constroem bases para o aprendizado, saúde e bem estar que vão gerar impactos ao longo da vida.
O desenvolvimento da criança vai depender de uma série de fatores, desde boas condições de saúde desta criança, como dos pais, boa nutrição, bons cuidados familiares, forte apoio social e emocional, estímulos de qualidade fora de casa (pode ser uma leitura, pintura, um jogo, interação com outras crianças e etc).
Mas o que muitos se esquecem, é do lugar da brincadeira na vida da criança, alguns acreditam que as crianças só brincam por prazer ou para passar o tempo, na verdade, a brincadeira é uma necessidade básica e ajuda na constituição da criança, enquanto brinca, a criança tem a oportunidade de se expor, lidar com conflitos, falar o que sente, se socializar, trocar ideias, exercer a criatividade, compreender e expressar novas palavras, ter autonomia e independência.
Um das grandes questões é que hoje se vê poucos espaços que priorizem a brincadeira, sobretudo na cidade e na natureza, as crianças ficam restritas aos espaços da escola ou dos playgrounds, e pouco contato tem com o seu lugar de moradia e origem, soma-se a isso as barreiras como o perigo da violência, dos carros, a poluição e tantos outros riscos, impedem as crianças de brincarem livremente.
Muitas instituições escolares não adotam a proposta pedagógica do brincar livre, que é uma das formas de desenvolver a individualidade, a cooperação, a criatividade e a expressão de interesses e necessidades, o que faz com que esta atividade acabe perdendo seu valor ao longo do tempo, pois muitas se interessam mais pelo material didático, a preparação para a vida profissional, esquecendo-se de outras dimensões que a criança precisa adquirir.
Além do brincar livre, as crianças precisam ter experiências por meio da cidade, e da sua conexão com o planeta, é preciso que haja espaços de liberdade, cidades amigáveis para a criança, o contato com a natureza e com outras formas de brincar para além do aspecto cognitivo, o que permitirá que a criança amplie seu conhecimento e integre o desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional.
Nesse contato com a cidade e a natureza, a criança será capaz de explorar livremente e fazer perguntas e descobrir respostas por si mesmas, adquirindo ricas experiências e consciência mental sobre o mundo natural, tocar, observar, cheirar, subir em árvores, ter o contato com a água, observar animais, tudo isso oferece uma aprendizagem multidimensional.

Por: Flavia Fauquet