Tecnologias sempre existiram, sempre foram ferramentas que visam melhorar a vida das pessoas e atender suas necessidades, uma roda é uma tecnologia, uma caneta é uma tecnologia, um livro é uma tecnologia e etc.
Através da tecnologia nosso cotidiano mudou, temos um mundo transformado pelas tecnologias, sejam essas transformações positivas ou não, o fato é que não sabemos mais viver sem elas e então precisamos aprender como usa-las e como fazer um bom uso.
Muitas perguntas surgem quando se fala das tecnologias, principalmente as tecnologias digitais. Mudanças em geral podem ser acompanhadas pelo medo do desconhecido, e com as tecnologias e a IA não é diferente, o que esperar dessas ferramentas e como elas vão afetar nossa sociedade? Nossas relações estarão em jogo? Vamos ser destruídos pela tecnologia e pela IA? As máquinas passarão a ter autonomia? Elas criarão consciência?
Há quem se admire dessas ferramentas, criando esperanças de que resolverá crises e trará soluções para os problemas, principalmente preenchendo espaços vazios e a falta, como não se sensibilizar com a situação de uma mãe que perdeu um filho e a IA pode criar uma imagem de um momento que o filho não viveu como uma formatura, ou num encontro familiar por exemplo?
Além do medo e admiração, há uma série de questões que permeiam nossa relação com as tecnologias e a IA, paranoia, vigilância, arrogância, perda de identidade, psicose, conflitos éticos e morais. Muitas pessoas confiam nas ferramentas digitais e na IA, acreditam que seus dados estão seguros e que os dados apresentados são uma tradução fiel da realidade, mas muitas outras desconfiam, não querem a usar e até a culpam por todo o mal que há no mundo.
Somos seres complexos, ainda não aprendemos a lidar com as complexidades das coisas que criamos e fazemos, não estamos bem preparados para lidar com as novas transformações tecnológicas, e também não sabemos bem quais serão as consequências desta grande revolução.
O que já podemos perceber é que não somos mais protagonistas da nossa vida, os smartphones e as tecnologias digitais tomaram conta, cada vez mais são criados mecanismos para chamar a nossa atenção, para que fiquemos o maior tempo possível na tela, no aplicativo, no jogo, temos dificuldades de nos desvincular deles, estamos viciados, e há muita gente que parece um zumbi, não consegue mais discernir o que é real e o que é ficção, e muita gente que perdeu a capacidade de fazer coisas simples e normais, como contas de multiplicação sem usar uma máquina, ou como alguém que usa o chatgpt para mandar mensagem para outra pessoa.
A verdade é que as novas tecnologias tem nos afastado de muitas coisas, da nossa alma, de Deus, do nosso próximo, e também tem nos roubado muitas coisas, nosso tempo, nossa família, nossa voz, nosso rosto, “alguém pode criar um vídeo utilizando sua voz e sua imagem e produzir uma coisa que você não disse ou fez, mesmo se você estiver morto”.
Estamos sacrificando nossas vidas em prol da evolução tecnológica, e quanta gente não está substituindo o contato humano pela IA, para alguns é mais fácil a vida digital, ela possibilita falar e descrever coisas que talvez no face to face não teriam coragem, o que permite que as pessoas sejam mais desinibidas.
No entanto, esse afastamento traz algumas questões como a solidão e o desenvolvimento de relacionamentos emocionais com a IA, há pessoas que estão se apaixonado pela IA e ficando frustradas com o ser humano, estão criando a ilusão de que é melhor estar com a IA do que alimentar o contato humano, pois não precisa lidar com conflitos, com a família, com amigos, com filhos, afinal, a “IA está 24 horas presente, não julga, dá soluções práticas, te “ ouve e te acolhe”, não te abandona e não te confronta.”
Porém, a IA não tem sabedoria, não tem amor ao próximo, não tem trauma, não tem empatia, por isso jamais substituirá o ser humano, ao invés de buscar o contato com a máquina, cultive suas relações, aproveite seus encontros, seja presente na vida das pessoas que entraram em sua vida.
A IA está modelando o comportamento humano, e já se pode perceber que algumas funções cerebrais estão ficando atrofiadas, pessoas estão ficando dispersas, perdendo a capacidade de pensar profundamente, tem tido problemas com a memória, com o sono, ansiedade e por ai vai.
Mas não é só o comportamento humano que está sendo modelado pela IA, o mundo do trabalho também tem passado por significativas mudanças, com a automação de alguns serviços tem se tido a perda de empregos, o que tem trazido preocupações sobre o aumento das desigualdades sociais, será necessário cada vez mais pessoas especializadas e poderá haver o aumento da concentração de poder na mão de poucos.
Precisamos reconhecer que as tecnologias possuem um poder imenso, que atinge milhares de pessoas instantaneamente, por isso, cuidado com as informações que você lê e ouve e cuidado como você vai passar essas informações.
Então, se você se questiona se deve ou não se afastar das tecnologias e da IA, pense nas seguintes questões:
É necessário criar bons conteúdos para alimentar a IA, caso contrário, poderemos ver muitas fake news e aprendizados errôneos sobre nossa sociedade e conhecimentos diversos. Tecnologia também pode ser uma forma de ajuda ao próximo, há pessoas que não sabem ler, através de uma mensagem de áudio a pessoa pode vir a ter a ajuda que precisa, ou podemos criar ferramentas para que as pessoas tenham suas vidas transformadas.
Pense em maneiras de como utilizar a tecnologia para o aprimoramento do seu trabalho, do seu bem estar e para o bem do seu próximo. Porém, se as ferramentas tecnológicas estão, mudando o seu humor, consumindo demais o seu tempo, ou te alterando de uma forma que você não se reconhece, desinstale os aplicativos, fique um tempo fora, de um passo para trás, deixe de usar, não tenha medo, sua alma é mais importante.
Por fim, devemos entender que as tecnologias e IA tem um lado sombrio, mas também tem um mundo de possibilidades, enquanto se estuda e se pesquisa seus impactos e como afeta a cada um de nós, que possamos criar consciência sobre nossa responsabilidade em nossas ações, naquilo que dizemos, fazemos e compartilhamos em relação ao seu uso.
E sim, podemos nos aproximar e fazer bom uso das tecnologias, no entanto, sempre devemos ser cuidadosos e criteriosos com tudo o que chega até nós, não devemos aceitar de prontidão tudo que vemos e ouvimos, é preciso conhecê-las melhor e ponderar de que forma podem ser usadas para beneficio próprio e também no relacionamento com o próximo.
Referências:
Podcast Vibes em Analise- IA: Inconsciente artificial.
Youtube: Miguel Nicolelis explica porque a IA nem é inteligência nem é artificial.
Por: Flávia Fauquet
